25-3-2018
domingo, março 25, 2018
terça-feira, março 20, 2018
segunda-feira, março 19, 2018
VOU LENDO
« – Falei-te uma vez de uma
rapariguinha que conheci em Mira, lembras-te? Antes de entrar para a Faculdade…
– Ela assentiu com a cabeça. –
Reencontrei-a há poucas semanas. Não aconteceu nada entre nós, mas já poderia
ter acontecido, só não aconteceu porque nem eu nem ela quisemos, embora
quiséssemos. – Observa-a em silêncio, como se pretendesse seguir os pensamentos
da mulher. – Preferimos manter um futuro de reserva , não o gastar já no
presente, entendes? Recorrer a ele apenas quando tudo o mais tiver falhado.»
--- A superação do tempo linear e a plasticidade das personagens. Uma forma de
narrar não tradicional. Cruzamento de planos narrativos, de vozes, avanços e
recuos na linha da história. A sugestão
de ambientes, como os que nos são dados por uma câmara de filmar. Mais “aventura
da escrita” do que “escrita da aventura”. Ó meus caros amigos, isto está muito à frente do que agora nos é dado pelos escritores da moda.
quarta-feira, março 14, 2018
PINACOTECA
FERNAND LÉGER (1831-1955), Les Loisirs - Hommage à Louis David ou Le Beau est partout (1948-49). Musée national d´art moderne, Centre Pompidou, Paris.
domingo, março 11, 2018
Nunca amamos alguém. Amamos, tão-somente, a ideia que fazemos de alguém. É a um conceito nosso - em suma, é a nós mesmos - que amamos.
Isto é verdade em toda a escala do amor. No amor sexual buscamos um prazer nosso dado por intermédio de um corpo estranho. No amor diferente do sexual, buscamos um prazer nosso dado por intermédio de uma ideia nossa. O onanista é abjecto, mas, em exacta verdade, o onanista é a perfeita expressão lógica do amoroso. É o único que não disfarça nem se engana.
= Bernardo Soares, Livro do Desassossego.
quarta-feira, março 07, 2018
CARTOON XIRA
A CARTOON XIRA, retrospectiva dos melhores cartoons publicados em 2017, decorre este ano na FÁBRICA DAS PALAVRAS. Na imagem, o trabalho de Cristiano Salgado (n. 1977): Ida de Mário Centeno para presidente do Eurogrupo.
domingo, março 04, 2018
sexta-feira, março 02, 2018
Não se subordinar a nada – nem a um homem, nem a um amor, nem
a uma ideia, ter aquela independência longínqua que consiste em não crer na
verdade, nem, se a houvesse, na utilidade do conhecimento dela – tal é o estado
em que, parece-me, deve decorrer, para consigo mesma, a vida íntima intelectual
dos que não vivem sem pensar. Pertencer – eis a banalidade. Credo, ideal,
mulher ou profissão – tudo isso é a cela e as algemas.
= Bernardo Soares, Livro do Desassossego.
quinta-feira, março 01, 2018
A DAMA DO OCULTO
«Decretado o divórcio,
a dama do oculto estabeleceu-se com um homem mais novo sem papéis nem
assinaturas. Uma espécie de toy boy, na
sugestiva expressão que só a língua de Shakespeare e John Keats é capaz de nos
dar. Mas não durou muito este casamento do diabo, expressão da Carta de Guia de Casados de D. Francisco
Manuel de Melo: casamento de Deus, o dos noivos da mesma idade; da morte, o do
velho com a jovem; do diabo, o que tem lugar entre o jovem e a velha. O toy boy não desistira de ser brinquedo
de outras senhoras, e a dama do oculto, dona da casa que servia de cenário às
brincadeiras do casal, demitiu-o das suas funções sem sobressalto ou angústia
de qualquer das partes.»
---
Excerto duma narrativa inédita.
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