HENRIQUE POUSÃO (Vila Viçosa, 1859-1884), Cecília (1882), óleo s/ tela 82 x 57,5 cm, Museu Nacional de Soares dos Reis, Porto.
quarta-feira, fevereiro 28, 2018
terça-feira, fevereiro 27, 2018
CATERINA DE CAMÕES
«Não
se sabe ao certo quando e por que razões começou a tomar medicamentos
homeopáticos. Segundo as notas do dossiê, Hermes falara do assunto com a
florista, tendo sabido que além de tomar os ditos medicamentos Caterina de
Camões adquirira o hábito de os prescrever a amigos e familiares como se fosse
mestra encartada daquelas artes de curar. Watson lembrou-se então do falso
homeopata José Dias, agregado da família de Bentinho Santiago no romance Dom Casmurro, de Machado de Assis. E
aproveitou, no desenvolvimento da conversa, para arrasar o método terapêutico e
o princípio similia similibis curantur, o
mesmo é dizer o semelhante pelo
semelhante se cura, classificando-os como pseudociência e charlatanismo.»
---
Excerto duma narrativa inédita.
quarta-feira, fevereiro 21, 2018
segunda-feira, fevereiro 19, 2018
LA FEMME DE MES RÊVES
Exposição da
artista Bela Silva (n. 1966) na galeria Alecrim 50. Aqui, o trabalho de desenho-pintura-colagem La femme de mes
rêves. Não imaginava que pudesse ser assim, mas senti-o como tal. Uma questão de percepção sinestésica, talvez. Gostei.
=Fotos de 17-2-2018=
sexta-feira, fevereiro 16, 2018
quinta-feira, fevereiro 15, 2018
PINACOTECA
NICOLAAS VERKOLJE (1678-1764), Thamar violada por Amnón, óleo sobre tela, 49x57,5cm, Staatsgalerie Stuttgart.
Episódio bíblico, 2 SAMUEL 13 (Thamar e Amnón eram meios-irmãos, filhos de David).
Poema de F. García Lorca em Romancero Gitano (excerto):
«Thamar, bórrame los ojos
con tu fija madrugada.
Mios hilos de sangre tejen
volantes sobre tus faldas.
Déjame tranquila, hermano.
Son tus besos en mi espalda,
avispas y vientecillos
en doble enjambre de flautas.
Thamar, en tus pechos altos
hay dos peces que me llaman,
y en las yemas de tus dedos
rumor de rosa encerrada.»
quarta-feira, fevereiro 14, 2018
terça-feira, fevereiro 13, 2018
sábado, fevereiro 10, 2018
sexta-feira, fevereiro 09, 2018
PINACOTECA
BORIS TASLITZKY, Télégramme (1936), óleo sobre tela, 27x35cm.
IGNORONS LIEU RESIDENCE ACTUEL DE
MONSIEUR GARCIA LLORCA
MONSIEUR GARCIA LLORCA
COLONEL ESPINOSA COMMANDANT MILITAIRE
DE LA PLACE DE GRANADE
ESPAGNE
quinta-feira, fevereiro 08, 2018
"A CARTOMANTE", DE MACHADO DE ASSIS
Nada canónico. No conto, a carta
anónima não foi enviada ao marido, mas ao amante prevaricador, por sinal amigo
extremoso do atraiçoado. Chamava-lhe imoral e pérfido, avisando-o de que a
aventura era sabida de todos. Uma subtileza de Machado de Assis no século de
Emma Bovary e Luiza Carvalho. A cartomante, uma italiana, sondara o insondável
na claridade fosca do seu baralho de cartas, e encorajou-os a ambos: a infeliz
apaixonada e o fogoso ragazzo innamorato.
Morreram – o que a cartomante não previra (ou se calhar previra) – às mãos justiceiras do varão desonrado.
= Leitura a 22 de Fevereiro na Comunidade de Leitores da Casa da Achada.
quinta-feira, fevereiro 01, 2018
RÉGIO, PESSOA E AS VIAGENS
«Neste meu
estado, falam-me em viagens! Digo, eu próprio, que tenciono ir a Itália no
próximo ano; – e o mais curioso é que efectivamente alimento esse vago plano:
ir lá com os Mirandas. Na verdade, porém, que me interessam actualmente as
viagens? que me interessam pessoal e
profundamente? que poderão ensinar-me que eu não saiba, dar-me que eu não
tenha? (O que não quer dizer que não me possam entreter muito.) É aos extrovertidos que as viagens interessam: aos
cujo relativo vazio da vida interior se tapa com uma aparência de
enriquecimento. Eu sei que é em mim que tenho o mundo – o mundo que me é
possível apreender. Em mim vive toda a multidão dos meus personagens possíveis;
e são em multidão! Em mim se desenrolam os dramas, tragédias, comédias que
posso criar. Em mim há diversos meios, ambientes, paisagens…»
--- JOSÉ
RÉGIO, Páginas do Diário Íntimo, Vila
do Conde, 27 de Setembro de 1948.
«A ideia de
viajar nauseia-me.
Já vi tudo
que nunca tinha visto.
Já vi tudo
que ainda não vi.
(…)
Ah, viagem
os que não existem! Para quem não é nada, como um rio, o correr deve ser vida.
Mas aos que pensam e sentem, aos que estão despertos, a horrorosa histeria dos
comboios, dos automóveis, dos navios não os deixa dormir nem acordar.
(…)
Quando se sente
de mais, o Tejo é Atlântico sem número, e Cacilhas outro continente, ou até
outro universo.»
--- BERNARDO
SOARES, Livro do Desassossego.
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