quarta-feira, fevereiro 19, 2014
domingo, fevereiro 16, 2014
MEMORIAL DO CONVENTO
2 quadras a
um convento 2
Neste convento que uma rainha estéril
pariu
nesta cidade de sacros privilégios
entre paredes transfiguradas de bafio
e sombras de caprichos régios
nesta mansão de bruxos e castrados
onde se vive da manha e do engano
há uma LINHA DE MONTAGEM de soldados
a produzir à média de 3000 ao ano.
Mafra, 1969
Nota:
Quadras provenientes do caderno agora
exumado, esgalhadas entre Outubro e Dezembro de 1969. Um memorial do convento avant la lettre! Atente-se nos
laboriosos cálculos do versejador ao referir a produção de 3000 soldados ao
ano: 4 incorporações anuais no curso de oficiais milicianos, cada uma com cerca
de 750 cadetes.
sábado, fevereiro 15, 2014
domingo, fevereiro 09, 2014
PINTURA ROMÂNTICA
JOÃO CRISTINO DA SILVA, Cinco Artistas em Sintra (1855), Museu do Chiado - MNAC
Da esquerda para a direita: TOMÁS DA ANUNCIAÇÃO, FRANCISCO METRASS, VITOR BASTOS, CRISTINO DA SILVA e JOSÉ RODRIGUES. Tomás da Anunciação pinta, Cristino da Silva desenha. Os saloios, admirados, rodeiam o artista em actividade. Ao fundo, entre brumas, o Palácio da Pena. Este quadro tem sido apontado como um manifesto da escola romântica: pintura ao ar livre, representação da beleza intacta da natureza, o povo retratado como assunto nobre.
terça-feira, fevereiro 04, 2014
CADAVRE EXQUIS A SOLO
E entre a vigília e o repouso, quando
a razão se lhe nublasse levemente, abertos ainda os olhos ou semicerrados, mas
pesados, extáticos, imóveis, no escuro, então com ele, com o vento, viriam os
fantasmas.
Primeiro foi o gato. Era cinzento e
verde, mas com listas perfeitas e sedosas quais as dos tigres, mais intensas
ainda, quase tão vivas como a plumagem de uma ave exótica. (…)
Apareceu depois o homem que ria.
Tinha um riso azul na face, um grande riso cómico e medonho. (…)
Entretanto, surgia, mas sempre
rápido, fugidiço, evanescente, o homem pássaro, sem rosto (…)
Por fim, a mulher informe, mais do
que nunca encoberta, naquela noite, em seus véus de rosa-pálido.
URBANO TAVARES RODRIGUES, Bastardos do Sol, Amadora, Livraria
Bertrand, 3ª edição revista, s/d, pp. 121 e 122.
CÂNDIDO COSTA PINTO, Amor hiante (1942), Museu do Chiado - MNAC
ANTÓNIO DACOSTA, Episódio com um cão (1941), Museu do Chiado - MNAC
domingo, fevereiro 02, 2014
Ó SINO DA MINHA ALDEIA
Casa onde nasceu FERNANDO PESSOA e campanário da vizinha Basílica dos Mártires onde o poeta foi baptizado a 21 de Julho de 1888. O sino da sua aldeia?
(Fotos tiradas hoje)
Dolente na tarde calma,
Cada tua badalada
Soa dentro da minha alma.
E é tão lento o teu soar,
Tão como triste da vida,
Que já a primeira pancada
Tem o som de repetida.
Por mais que me tanjas perto
Quando passo, sempre errante,
És para mim como um sonho.
Soas-me na alma distante.
A cada pancada tua
Vibrante no céu aberto,
Sinto mais longe o passado,
Sinto a saudade mais perto.
FERNANDO PESSOA - Atena nº 3; Poesias, Lisboa, Edições Ática, 16ª edição, 1997, pp. 93 e 94.
sábado, fevereiro 01, 2014
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