quinta-feira, dezembro 27, 2012
sábado, dezembro 22, 2012
Poema de NataL
De novo o
alarde rútilo dos luzeiros de NataL, o colorido
das árvores,
a música que alastra sobre o plasmada noite. Estou do lado de cá da festa, na margem
do passeio, rente à sombra dos muros por onde crescem,
quando é tempo, os braços meigos das buganvílias.
Vejo de fora, através das janelas, o recorte de lentas
figuras de cera. Transportam no bojo, como numa
mala, a inexequível persuasão da vida, o pano gasto
de alegrias reeditadas em cada época. Nada me move,
nada me comove. Peço-te, por isso, que não venhas
agora: para além do mais seria de mau gosto
e nada adiantaria ao nosso caso. Deixa que se extingam
as volutas da quadra e procura-me depois, pela manhã
de um tempo mais verdadeiro e mais humano.
quinta-feira, dezembro 20, 2012
segunda-feira, dezembro 03, 2012
A ESFERA E AS ESTRELAS
Ilusões de Natal na baixa de Lisboa. É preciso que alguns pequenos pontos se
iluminem para que a noite possa continuar a crescer.
domingo, dezembro 02, 2012
sábado, dezembro 01, 2012
segunda-feira, novembro 26, 2012
domingo, novembro 25, 2012
CONTADORES DE HISTÓRIAS
RODOLFO CASTRO, artista argentino, um rapsodo dos tempos modernos. Uma sessão das suas incríveis narrações teve lugar na passada sexta-feira na Biblioteca Municipal de Oeiras. Não perder a próxima: Cinema São Jorge, Festival da revista LER, quarta-feira, 5 de Dezembro, às 22 horas.
sexta-feira, novembro 23, 2012
segunda-feira, novembro 19, 2012
sábado, novembro 17, 2012
quinta-feira, novembro 15, 2012
"O MELHOR POVO DO MUNDO"
Fotos DN
O povo de brandos costumes, uma invenção do salazarismo recentemente
recuperada pelo inefável Vítor Gaspar, é capaz de coisas como as que ontem se
viram nas imediações do parlamento. Não era isto que este governo de Vichy queria
mostrar à ocupação estrangeira, e daí a atrapalhação, as loas à polícia, a pressa
inusitada com que veio declarar a inocência da Intersindical.
Não adianta reduzir
o sucedido às proporções do crime vulgar, diabolizar os poucos que provocaram e
atiraram pedras, incendiando e
transformando uma zona de Lisboa em cenário que faz lembrar a revolta popular de
Londres em 2011. O mal não está nesses por enquanto ainda poucos desesperados,
mas nas políticas em curso que geram o desemprego e arruínam a esperança.
Tenham cuidado os Miguéis de Vasconcelos que nos governam que este povo não é brando e coisas piores podem vir a acontecer. Inquisidores, bandidos, regicidas e torcionários – temos de tudo isso no nosso sangue.
Tenham cuidado os Miguéis de Vasconcelos que nos governam que este povo não é brando e coisas piores podem vir a acontecer. Inquisidores, bandidos, regicidas e torcionários – temos de tudo isso no nosso sangue.
quarta-feira, novembro 14, 2012
terça-feira, novembro 13, 2012
sexta-feira, novembro 09, 2012
FRAU EUROPA E OS SEUS TÍTERES
Lisboa, Amoreiras, Av. Conselheiro Fernandes de Sousa. Fotografia tirada hoje. Trabalho realizado pelos artistas Nomen, Slap e Kurtz em 20 e 21-10-2012.
quinta-feira, novembro 08, 2012
Johannes Brahms: Symphony N. 4, Allegro non troppo (1)
"Durante a escrita das numerosas versões de A Maçã no Escuro, a autora [Clarice Lispector] ouviu até à exaustão a Quarta Sinfonia de Brahms, número que se exprime no livro como símbolo do mundo criado e de vida"
Da contracapa da edição Relógio d´Água, 2000.
VOU LENDO
Quando ela
era menina, por pura tendência à subtileza e à fraqueza, dissera a um menino de
quem gostara: «vou lhe dar uma pedra que encontrei no jardim» – e ele entendera
que ela gostara dele, tanto que lhe dera em troca uma caixa de fósforos com um
biscoito dentro.
(…)
Seus motivos
de desejá-lo eram os de uma mulher que deseja amor – o que lhe parecia
terrivelmente subtil. E como se não bastasse esse motivo estranho, ela o
entrelaçara com um motivo mais subtil ainda: o de se salvar – que é certo ponto
que o amor às vezes atinge.
(…)
– Olhe esta samambaia! disse ela para o homem
porque uma pessoa não pode dizer «eu te amo».
CLARICE LISPECTOR, A Maçã no Escuro, segunda
parte, capítulo 6, pp. 155 e 156.
A BEGÓNIA
Agora que ela partira e só por raras
cartas recebia notícias suas, doía-lhe que nunca lhe falasse da begónia, a
planta que ambos criaram com um misto de carinho e sobressaltado
encanto. Não compreendia como se pudera apagar do passado o milagre daquele pequeno
ser que juntos viram crescer, ganhando o direito à vida, e que não raro os encheu de
cuidados e lhes tirou o sono.
Trouxeram-na para casa num Inverno
distante, como que adormecida, o pequeno vaso de plástico vestido de um jornal
velho, as folhas redondas e miúdas espreitando sobre as letras machucadas que
compunham notícias antigas, já sem préstimo.
Deixaram-na ao lado da televisão,
exposta às destemperadas radiações de telejornais e reality shows, e a frágil planta ressentiu-se. Tempos depois, os
caules que sustentavam as folhas vacilavam nas suas disposições orgânicas,
via-se que a pobre estava em sofrimento, e eles lançaram-se a pesquisar em
livros de botânica o remédio para o inesperado mal. Transferiram a planta para
um vaso de barro, adubaram e regaram, vigiaram os efeitos nocivos de ácaros e
fungos, e, como a Primavera tivesse então chegado, instalaram-na na varanda,
recebendo o calor renascente do novo ciclo cósmico. Salvou-se.
Pensavam na begónia como se de um
filha se tratasse. Amavam-na, falavam com ela mesmo durante aquelas fases em
que cada vez menos falavam entre si, e viam-na já como uma planta adulta, uma
árvore florida sobrepujando as diminutas proporções dos seus progenitores adoptivos.
Eram uns pais felizes.
Depois ela foi-se embora e levou a
begónia. E nunca mais lhe falou da planta, como se exclusivamente lhe
pertencesse e nada tivesse que fosse de outrem. Ele ainda insinuou, uma vez, na
correspondência que espaçadamente mantinham, que a filha era de ambos, que os
dois a tinham criado e protegido nos transes mais difíceis da sua lenta progressão
vital. Porém, as cartas que recebia continuavam a falar apenas de assuntos
práticos e tangíveis, como partilhas e outras disposições legais, não da begónia
que parecia nunca ter existido nas suas vidas.
Uma vez encheu-se de coragem e foi
espreitá-la, manhã cedo, para não ser surpreendido pela vizinhança, sob a nova
varanda em que vivia. Deu com uma planta alta, assim como uma mulher jovem e muito
senhora de si, mas fosse pela distância que ia do chão ao segundo andar, ou
talvez pela hora tão matinal em que só algumas plantas estão já completamente
acordadas, juraria que ela não o havia reconhecido. Estava rodeada de
companheiras, novas plantas cheias de cor, algumas em flor, que deviam encher-lhe os dias de juvenil satisfação. Queria lá ela saber daquele
senhor de quem nem sequer recordava o nome.
Isto foi o que sentiu, e por isso
logo se retirou, sem reparar que uma pequena folha, verde como só uma pequena folha
sabe ser, se desprendia do caule e caía, tocada por um vento leve, sobre a
calçada a que virava costas.
Seguiu o seu caminho, desolado e pensativo.
Talvez na próxima carta, se houvesse uma próxima carta, chegassem notícias daquela begónia que nunca deixaria de amar. E neste pensamento se alegrou a manhã, subitamente bela
como uma maçã mordida, um sonho na madrugada ou a memória feliz de um tempo antigo.
terça-feira, novembro 06, 2012
CHAMEM A POLÍCIA...AU AU AU...CHAMEM A POLÍCIA...
"Passos, recua, a polícia está na rua"
Menina na varanda, a ver passar os polícias
Esperando os colegas
É preciso prender os ladrões
"Vamos a S. Bento, contestar o orçamento"
segunda-feira, novembro 05, 2012
domingo, novembro 04, 2012
RETRATO DE VIDA COM NARCISO AO FUNDO
Dominava-o
uma espécie de dislexia dos fonemas
do amor e por
isso se acomodava ao fulgor
dos
silêncios, à morosa retórica dos actos falhados
que a
psicanálise tão bem explicou.
Era um solitário
entre penhascos povoados,
um viajante
que não conhecia a viagem.
Pensa agora que
se pudesse recomeçar separaria
o afecto do
orgulho e saberia distinguir
o viço de uma folha
de árvore de um galho seco da mesma.
Mas isso é o
que pensa e só diz nas escritas de água
com que se
paramenta. Na prática,
faz como o
filho de Cefiso e Liríope:
debruça-se
no regato do seu ego
e continua a
amar-se.
quinta-feira, novembro 01, 2012
quinta-feira, outubro 25, 2012
ERICO VERÍSSIMO
Porto Alegre, Casa de Cultura Mário Quintana
Porto Alegre, monumento a Júlio de Castilhos
"Na praça, os jacarandás estão cobertos de flores roxas. Lá em cima, no
topo do monumento, a imagem da República – uma mulher que tem na mão uma
bandeira – faísca ao sol, recortando o seu perfil de ouro falso contra o azul
puro do céu. Há pelos canteiros verdes e pelos caminhos de pedra miúda, sombras
móveis e crivos luminosos.
Clarissa fica um instante a contemplar as árvores."
Erico Veríssimo, Clarissa, IX edição, Lisboa, Livros do Brasil, p. 17.
domingo, outubro 21, 2012
MATA ATLÂNTICA
Região de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, 14-10-2012
A Mata Atlântica é um bioma presente na maior parte no território brasileiro, abrangendo ainda parte do território do Paraguai e da Argentina. As florestas atlânticas são ecossistemas que apresentam árvores com folhas largas e perenes. Abriga árvores que atingem de 20 a 30 metros de altura. Há grande diversidade de epífitas, como bromélias e orquídeas.
Foi a segunda maior floresta tropical em ocorrência e importância na América do Sul, em especial no Brasil. Acompanhava toda a linha do litoral brasileiro do Rio Grande do Sul ao Rio Grande do Norte (regiões meridionais e nordeste). Nas regiões Sul e Sudeste a Mata Atlântica chegava até a Argentina e o Paraguai. Cobria importantes trechos de serras e escarpas do Planalto Brasileiro, e era contínua com a Floresta Amazônica. Em função do desmatamento, principalmente a partir do século XX, encontra-se hoje extremamente reduzida, sendo uma das florestas tropicais mais ameaçadas do globo. Apesar de reduzida a poucos fragmentos, na sua maioria descontínuos, a biodiversidade de seu ecossistema é uma dos maiores do planeta. Seu clima é subtropical e tropical.
(Fonte: Wikipédia)
sábado, outubro 20, 2012
quarta-feira, outubro 10, 2012
"A EDUCAÇÃO DO ESTÓICO" - III
Flores amo, não busco. Se aparecem
Me agrado ledo, que buscar prazeres
Tem o
esforço da busca.
A vida seja como o sol, que é dado,
Nem arranquemos flores, que, tiradas,
Não são
nossas, mas mortas.
RICARDO REIS, ode 129, 16-6-1932
terça-feira, outubro 09, 2012
"A EDUCAÇÃO DO ESTÓICO" - II
Já sobre a fronte vã se me
acinzenta
O cabelo do jovem que perdi.
Meus olhos brilham menos.
Já não tem jus a beijos minha
boca.
Se me ainda amas, por amor, não
ames:
Traíras-me comigo
RICARDO REIS, ode 71, 13-6-1926
segunda-feira, outubro 08, 2012
"A EDUCAÇÃO DO ESTÓICO"
Ninguém a outro ama, senão que ama
O que de si há nele, ou é suposto.
Nada te pese que não te amem. Sentem-te
Quem és,
e és estrangeiro.
Cura de ser quem és, amem-te ou nunca.
Firme contigo, sofrerás avaro
De penas.
RICARDO REIS, ode 131, 10-8-1932
sábado, outubro 06, 2012
O MELHOR POVO DO MUNDO
Hoje, cá pelos meus lados, o melhor povo do mundo celebrando mais um aniversário da Sociedade Filarmónica Recreio Alverquense, fundada, imagine-se, em 6 de Outubro de 1874.
sexta-feira, outubro 05, 2012
VIVA O 5 DE OUTUBRO!
Laetitia Casta
Li já não
sei onde que em França, após a libertação de Paris durante a Segunda Grande
Guerra, a Associação de Autarcas Parisienses decidiu mudar periodicamente o
busto original da República, adoptando como modelos artistas da música e
do cinema franceses da actualidade. Assim, o modelo mais recente seria a actriz
Laetitia Casta, nascida em Pont-Audemer, Alta Normandia, no ano de 1978.
Entusiasmado
com a ideia, e na esperança de que a mesma pudesse estender-se a Portugal,
publiquei no blogue em 5 de Outubro de 2010 uma fotografia da talentosa
actriz, a qual mereceu comentários de três indefectíveis admiradores (ver arquivos).
Estava longe
de imaginar que a voracidade neoliberal dos actuais donos do país nos
comeria o feriado de 5 de Outubro, retirando-nos quiçá a possibilidade de
aspirarmos a renovados bustos para a ultrapassada imagem da nossa querida
República.
No dia em
que se celebra o feriado pela última vez, dou um grande VIVA A REPÚBLICA! Por
um novo busto, que o mesmo é dizer por uma nova política para a dita República. E já agora sem presidentes escavacados, e com a bandeira içada na posição correcta.
domingo, setembro 30, 2012
quinta-feira, setembro 27, 2012
FRASES DA SEMANA
“Estou-te a ver, mas não me filmas a cara.”
Segurança (ameaçador) de Passos Coelho para um operador de
câmara da TVI – Instituto de Ciências Sociais e Políticas, homenagem a Adriano
Moreira.
“Esta ministra da Justiça já deu provas de perceber tanto de
Estado de Direito como eu de física quântica.”
Isabel Moreira, deputada do PS, a propósito de declarações
da dita ministra.
sábado, setembro 22, 2012
AUSTERA, APAGADA E VIL TRISTEZA
No mais, Musa, no mais, que a Lira tenho
Destemperada
e a voz enrouquecida,
E não do
canto, mas de ver que venho
Cantar a
gente surda e endurecida.
O favor com
que mais se acende o engenho
Não no dá a
pátria, não, que está metida
No gosto da
cobiça e na rudeza
Dhua austera, apagada e vil tristeza.
Os Lusíadas, X-145
EM BELÉM
O palácio
A guarda do palácio
A Calçada da Ajuda
Os cartazes
Revistando
Prendendo
Para a semana há mais
sexta-feira, setembro 21, 2012
PRAÇA AFONSO DE ALBUQUERQUE
A praça é bonita, cheia de
reminiscências heróicas. Tem um jardim com quatro fontes, uma estátua de alto pedestal e um
palácio pálido em frente. Uma inscrição num banco de pedra atesta a fundação, no
local, do mítico C. F. Os Belenenses, agremiação desportiva a que pertenceram Vicente
e Matateu. Bem próximo fica a loja dos pastéis de Belém, a fonte luminosa e o Mosteiro
dos Jerónimos – um rendilhado de pedra que corre sério risco de privatização. Hoje vou passear por lá
ao fim do dia: é bom fruir a beleza dos jardins de Lisboa.
segunda-feira, setembro 17, 2012
domingo, setembro 16, 2012
EM LISBOA, ONTEM
I - Um elemento policial limpando as pedras soltas dos paseios nas imediações da representação do FMI (clicando, poderá observar-se o pormenor: uma pedra na mão). Uma manifestação ia passar por ali e a polícia, sabe-se, não despreza os ensinamentos bíblicos: David matou o gigante Golias com uma pedrada (Livros históricos, 1 Samuel-17).
II - Cantar e manifestar-se: Xácara das Bruxas Dançando.
III - Resignação, diziam eles.
sábado, setembro 15, 2012
EM LISBOA
PRAÇA JOSÉ
FONTANA, com o Jardim Henrique Lopes de Mendonça e o seu belo coreto, o
edifício da antiga Escola de Medicina Veterinária e o mítico Liceu Camões. Às cinco
da tarde de um sábado de Verão o calor deverá apertar. A las cinco de la tarde… A las cinco en
punto de la tarde.
sexta-feira, setembro 14, 2012
TOMAR
Fotografias de 13-9-2012
(...) Gostaria que fosse
por uma manhã cálida de Novembro,
ao expirar
do Outono, com os salgueiros respirando,
nas margens do rio, a prosopopeia
dum choro.
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