terça-feira, outubro 04, 2011

RÉGIO E "OS THIBAULT"

Será que José Régio não leu Os Thibault de Roger Martin du Gard com a profundidade que a obra em princípio reclamaria?
Numa entrada de 13 de Dezembro de 1958 do seu diário, encontramos o seguinte:
Diz-me um rapaz de Lisboa que o José Gomes Ferreira dizia de A Velha Casa: “Mas aquilo é Os Thibault…”.
Se A Velha Casa é ou não Os Thibault vou tentar agora tirar a limpo. Entre ontem e hoje já avancei em cinquenta páginas do primeiro volume, e não me parece obra para se deixar de lado.
Régio, no entanto, diz-nos:
Comecei (…) Les Thibault; e também os pus de parte, sem chegar a concluir o primeiro volume. Li fragmentos do segundo, e desisti. Recomecei este mês, neste ano, a leitura da obra, mas começando pelo volume L´été de 1914. Se puder lerei depois os restantes.
E logo depois:
Enfim, quase tudo me desgosta no pobre do meu Martin du Gard! Não mais escreveria eu uma linha n´ A Velha Casa, se acreditasse (como o Gomes Ferreira e, provavelmente, outros) que a minha obra não é senão uma réplica portuguesa, em menor, daquela penosa construção sem qualquer fagulha de génio…
O nosso escritor bem pode ter-se desgostado desta escrita sem fagulha de génio, mas lá que insistiu na sua leitura, insistiu. Alguma razão deveria ter para tal persistência.

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