segunda-feira, janeiro 10, 2011

NO DIVÃ

Duas enfermidades há aí, cujos sintomas não descobrem as pessoas inespertas: uma é o amor, a outra é a ténia. Os sintomas do amor, em muitos indivíduos enfermos, confundem-se com os sintomas do idiotismo. É mister muito acume de vista e longa prática para discriminá-los. Passa o mesmo com a ténia, lombriga por excelência. O aspecto mórbido das vítimas daquele parasita, que é para os intestinos baixos aquilo que o amor é para os intestinos altos, confunde-se com os sintomas de graves achaques, desde o hidrotórax até à espinhela caída.

Camilo Castelo Branco (1º Visconde de Correia Botelho) em “A Queda dum Anjo”


- Não há como o divã de Camilo para aliviar a depressão.

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