sexta-feira, maio 29, 2009

PANFLETO


EM 7 DE JUNHO NÃO IREI VOTAR. Não o faço por comodismo, para aproveitar os feriados e partir de férias. Estarei por cá, e nem sequer penso aproveitar os dias de praia, se é que vai dar em termos meteorológicos para tais recreios. Faço-o por imperativo de consciência! A política nacional afunda-se num pântano (reconheço agora a pertinência da expressão usada por aquele chefe de Governo que, perante o cenário de sombras, optou corajosamente pela desistência). Um pântano bem ilustrado pelo impasse indigno a que se chegou no processo de eleição do Provedor de Justiça. O nosso sistema partidário está caduco, prisioneiro de interesses e de glórias vãs, pedindo votos quando nada faz pelo povo, pelas massas trabalhadoras, pelos reformados pobres e pelos indigentes. O sistema partidário não pensa nos outros, só pensa em si. Sobram-nos os casos tristes dos bairros problemáticos, explorados com avidez pelos canais de televisão; os escândalos financeiros que envolvem membros dos partidos e do Conselho de Estado; o circo parlamentar onde a bancada do Governo e as da Oposição rudemente se confrontam em vez de procurarem soluções para a superação da crise. É o momento de lhes fazer sentir que não é esse o caminho, que a liberdade exige respeito por quem trabalha, por quem não está comodamente sentado à mesa do orçamento: trabalhadores (nacionais e imigrantes), empresários, estudantes, professores, investigadores. NÃO VOTAR EM 7 DE JUNHO É UM AVISO AOS SENHORES DO PODER, UM IMPERATIVO PATRIÓTICO!

segunda-feira, maio 25, 2009

SINGULARIDADES DE UMA RAPARIGA LOURA

Catarina Wallenstein no papel de Luísa Vilaça
Adaptação ao cinema, por Manoel de Oliveira, de um conto de Eça de Queirós, escrito em Cuba em 1873, quando o autor ali desempenhava funções diplomáticas. Um Macário e uma Luísa Vilaça do século XXI. Um belo filme sobre o texto famoso do grande Eça.

domingo, maio 24, 2009

A IMPERTINÊNCIA DE SENTIR ( XVI )

Depois de A Cidadela Branca, leio Istambul de Orhan Pamuk. Pergunto-me se o hüzün istambulense (uma forma de melancolia típica dos habitantes da cidade) não terá algo a ver com a saudade portuguesa, esse sentimento de privação e incompletude em que Teixeira de Pascoaes viu a essência do génio português, aquilo a que chamou a única síntese perfeita entre o sangue ariano e o sangue semita. Pamuk dá-nos sobejos exemplos dessa melancolia de Istambul, um nevoeiro que vem do fundo dos tempos, sitiando as almas dos homens e os seus sentimentos.
Talvez a única ligação entre o hüzün da grande metrópole turca e a saudade portuguesa seja esse comum sentimento de decadência, de perdidos fulgores civilizacionais. Também eles, os turcos otomanos, tiveram as suas Índias. Submeteram vastas regiões do Médio Oriente, do leste da Europa e da África mediterrânica, tendo chegado às portas de Viena e instalado o pânico entre a Cristandade dos séculos XV e XVI.
Mas tiveram Lepanto, como nós tivemos Alcácer Quibir, e tudo se desfez. Chega sempre um momento em que a História se ri da soberba dos povos.