quinta-feira, agosto 28, 2008

A IMPERTINÊNCIA DE SENTIR ( VII )

Há quem não lhe aprecie o estilo, os temas, a atitude de polemista que não fugia à luta e nunca ia por onde o mandavam ir. Amado por uns, detestado por outros, foi professor durante uma vida numa remota cidade do Alto Alentejo. Dramaturgo, poeta, ensaísta e principal animador da histórica revista “presença”, é talvez como romancista que menos é conhecido.
Leio agora o ciclo romanesco A Velha Casa – um misto de ficção e autobiografia que o autor considerava a obra capital da sua produção literária. Vou no terceiro livro – Os Avisos do Destino – e passo por episódios já encontrados em Confissão dum Homem Religioso ou nas Páginas do Diário Íntimo, escritos autobiográficos, como se o imaginário não fizesse sentido sem a luz do real, como se à vida não bastasse vivê-la e sempre se tornasse necessário dar-lhe visos de sonho. Este homem sonhou de mais e viveu de menos. Ou, pensando melhor, talvez tenha vivido na plenitude, se é verdade que, como disse o Poeta, o sonho comanda a vida.
Ficou conhecido por José Régio, um pseudónimo tirado do seu nome José Maria dos Reis Pereira. E nem aqui se distanciou de si mesmo.

1 comentário:

Ricardo António Alves disse...

É das figuras que mais admiro, duma grande lucidez intelectual e coragem cívica. Sobre ele tenho escrito alguma coisa no blogue. «A Velha Casa», hei-de lê-la um dia, até para cotejá-la com o «Jogo da Cabra Cega». Ler o seu post, trouxe-me à memória o título da colecção de poesia da Quasi: «uma existência de papel»...